Tristeza que se estende por semanas, onde tudo parece perder o brilho. Muitas pessoas descrevem a depressão desta forma, como uma perda da vontade de viver. Este transtorno afeta cerca de 280 milhões de pessoas ao redor do mundo e demanda uma atenção especial de todos.
Dada a complexidade e a gravidade do transtorno, é essencial procurar ajuda de um profissional especializado em depressão, independentemente da gravidade dos sintomas. Reconhecemos que dar este passo pode ser desafiador devido ao estigma ainda associado à depressão e ao sentimento de vergonha que muitos experimentam. É fundamental superar essas barreiras e buscar um psiquiatra que possa oferecer o tratamento adequado.
Tristeza vs. Depressão
Muitas pessoas usam o termo ‘sentir-se depressivo’ para descrever estados emocionais temporários de tristeza, mas é importante entender que essa expressão pode minimizar a seriedade da depressão, que é um transtorno mental. A tristeza é uma emoção natural que geralmente tem uma causa clara, como a perda de um ente querido ou de um emprego, e é uma resposta normal a eventos dolorosos. Embora seja passageira, se a tristeza se prolonga por semanas, isso pode ser um sinal de alerta de que algo mais sério está ocorrendo. Mas, afinal, o que exatamente é esse transtorno e como é feito o seu diagnóstico?
O que é Depressão?
A depressão é um transtorno mental caracterizado não apenas por sentimentos de tristeza persistentes, mas por uma gama complexa de sintomas afetivos, cognitivos e neurovegetativos, que podem afetar profundamente a qualidade de vida de uma pessoa.
Afetivos:
Os sintomas afetivos são talvez os mais reconhecidos na depressão, manifestando-se principalmente através de emoções e sentimentos intensos e persistentes:
Humor Depressivo: Sentimentos contínuos de tristeza profunda, vazio ou desesperança que dominam o dia a dia.
Irritabilidade: Uma tendência aumentada a se irritar ou frustrar facilmente, muitas vezes por questões menores.
Sentimentos de Culpa: Pensamentos desproporcionais de culpa, onde a pessoa se sente inerentemente responsável por falhas ou eventos negativos, mesmo aqueles claramente fora de seu controle.
Sentimentos de Inutilidade: Uma percepção persistente de falta de valor próprio, frequentemente acompanhada pela crença de que não se é bom o suficiente ou que se é um fardo para os outros.
Cognitivos:
Os sintomas cognitivos refletem as dificuldades na função do pensamento e processamento. Problemas de concentração, dificuldade em tomar decisões e falhas de memória são comuns. Pensamentos negativos e críticos sobre si mesmo, o mundo e o futuro são frequentes, muitas vezes levando a um ciclo de pessimismo que é difícil de quebrar. Além disso, ideias sobre morte, suicídio e até tentativas de suicídio podem surgir, representando sintomas graves que demandam atenção imediata e intervenção profissional.
Neurovegetativos:
Os sintomas neurovegetativos da depressão afetam as funções corporais básicas que geralmente não são controladas conscientemente. Isso inclui alterações no padrão de sono (insônia ou hipersonia), mudanças no apetite ou peso (perda ou ganho significativo), e níveis de energia diminuídos, resultando em fadiga persistente. Estes sintomas têm um impacto direto sobre a capacidade física e a qualidade de vida do indivíduo.
Esses sintomas devem persistir por pelo menos duas semanas e representar uma mudança significativa em relação ao funcionamento anterior da pessoa para serem considerados indicativos de depressão. Além disso, é necessário excluir condições clínicas que possam produzir sintomatologia depressiva, como alterações hormonais, distúrbios metabólicos, problemas hepáticos, doenças neurológicas ou efeitos colaterais de medicamentos.
Causas
Não há uma única causa para a depressão. Ela pode resultar de uma combinação de fatores biológicos, comportamentais, psicológicos e ambientais.
Biológicos: predisposição genética e desequilíbrios bioquímicos e imunológicos.
Comportamentais: relacionados ao estilo de vida, como fumar, beber excessivamente, ter uma alimentação pouco saudável e jogar, podem comprometer o humor e aumentar a vulnerabilidade à depressão.
Psicológicos: traços de personalidade, como o neuroticismo, que envolve uma tendência a experimentar emoções negativas intensamente.
Ambientais: eventos de vida significativos como perda de um ente querido, divórcio, acidentes, experiências traumáticas (abuso, assalto, violência) e estressores crônicos, como problemas de saúde, problemas financeiros, conflitos nos relacionamentos, violência, isolamento, discriminação, racismo etc.
Tratamento
Felizmente, a depressão é altamente tratável. Os tratamentos podem incluir:
Psicoterapia, como terapia cognitivo-comportamental ou psicoterapia interpessoal.
Tratamento medicamentoso
Mudanças no estilo de vida, como aumento da atividade física, estabelecimento de uma rotina regular de sono, e alimentação balanceada.
Casos mais graves ou que necessitem de resposta mais rápida: tratamentos com Escetamina
Por Que Falar Sobre Depressão?
Discutir abertamente sobre a depressão é vital para desmistificar este transtorno e incentivar aqueles que sofrem em silêncio a buscar ajuda. Compreender a depressão é o primeiro passo para superar o estigma e promover uma sociedade mais empática e apoiadora.