A Cetamina tem despertado grande interesse na medicina moderna por seus efeitos rápidos em casos de depressão resistente, trazendo novas possibilidades de alívio para pacientes que não respondem a tratamentos tradicionais.
Apesar disso, ainda existem muitas dúvidas sobre como ela realmente funciona. Por isso, neste artigo, explicamos de forma acessível como a cetamina age no cérebro, o que a torna diferente de outros medicamentos psiquiátricos e por que sua ação é tão promissora no tratamento de transtornos refratários!
Como a cetamina age no cérebro?
A “Cetamina” atua em mecanismos diferentes dos antidepressivos convencionais.
Enquanto a maioria dos medicamentos atua sobre neurotransmissores como a serotonina ou a noradrenalina, a cetamina tem como principal alvo o sistema glutamatérgico, especialmente os receptores chamados NMDA (N-metil-D-aspartato).
Esses receptores estão envolvidos em processos de excitação neuronal e plasticidade cerebral, ou seja, na capacidade do cérebro de se adaptar, formar novas conexões e reorganizar circuitos afetados por transtornos mentais.
Ao bloquear temporariamente esses receptores, a cetamina desencadeia uma série de efeitos bioquímicos que modulam o funcionamento do cérebro.
Entre os principais efeitos observados estão:
- Redução da atividade excessiva em áreas ligadas à dor emocional e à ruminação mental;
- Aumento da liberação de glutamato, promovendo a formação de novas conexões sinápticas;
- Estímulo à produção de BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro), uma proteína que favorece a saúde e a regeneração dos neurônios;
- Melhora na comunicação entre regiões do cérebro envolvidas com o humor, a memória e a motivação.
Esses efeitos podem ocorrer em poucas horas após a administração médica adequada da cetamina, diferentemente dos antidepressivos tradicionais, que costumam demorar semanas para apresentar resultados significativos.
Por que a ação da cetamina é considerada rápida e eficaz?
Um dos principais diferenciais da cetamina está na velocidade com que seus efeitos terapêuticos podem ser percebidos.
Em pacientes com depressão grave e resistente, é comum observar melhora do humor, da energia e da perspectiva de vida já nas primeiras 24 a 72 horas após a infusão.
Essa resposta rápida é especialmente importante em situações críticas, como:
- Ideação suicida ativa;
- Depressão profunda com comprometimento funcional severo;
- Falha comprovada com múltiplas tentativas de tratamento anteriores.
Além disso, a eficácia da cetamina em quadros refratários se deve à sua ação em uma via cerebral pouco explorada por outros medicamentos, atuando de forma mais ampla na regulação da neuroplasticidade — a capacidade do cérebro de se recuperar de padrões disfuncionais.
Ainda que o alívio dos sintomas não seja definitivo com uma única dose, a repetição controlada das infusões, dentro de protocolos bem estabelecidos, pode manter os benefícios por semanas ou meses.
Esse efeito sustentado favorece que outras medidas sejam tomadas para promover melhorias mais duradouras e prolongadas.
A cetamina causa dependência ou efeitos colaterais?
A cetamina é uma substância com propriedades anestésicas e, em contextos não médicos, já foi utilizada de forma recreativa — o que é extremamente prejudicial.
No entanto, quando administrada por via intravenosa em doses controladas, com supervisão médica e em ambiente clínico supervisionado, seu uso é seguro e não leva à dependência química.
Os efeitos colaterais são geralmente leves e transitórios, podendo incluir:
- Sensações de dissociação (sensação de distanciamento do corpo ou da realidade);
- Náuseas leves;
- Tontura;
- Aumento temporário da pressão arterial.
Esses sintomas costumam durar apenas o período da infusão e são cuidadosamente monitorados por profissionais treinados.
Na prática clínica, a taxa de abandono do tratamento por efeitos adversos é baixa.
É importante lembrar que a cetamina não é indicada para todos os casos de depressão ou outros transtornos. A avaliação psiquiátrica rigorosa é fundamental para determinar se o tratamento é apropriado e seguro para cada paciente.
É importante que o tratamento com cetamina seja aliado a outras abordagens, como a psicoterapia e outras que o paciente precisar, para a manutenção dos seus efeitos. A combinação de ciência, personalização e empatia é o que garante resultados mais consistentes e seguros.
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Médica Psiquiatra
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